Um pequeno passo.

11-03-2024

Todo o que é necessário para uma longa caminhada, dar o primeiro passo.

As eleições legislativas do passado domingo, representam 3 vitórias da sociedade, duas vitórias partidárias, e uma derrota da actual nefasta democracia.

Primeiro, a vitória sob a abstenção, ainda que os valores abstencionistas sejam elevados, houve mais gente a exercer o seu direito cívico, e naturalmente esse movimento é uma clara demonstração, que a sociedade, finalmente, entende (e bem) que tem responsabilidade acrescida nos actos governativos, e não se pode escusar a essa responsabilidade. Por segundo, a vitória da divisão do voto, numa clara e inequívoca intenção de demonstrar desagrado pelo arco governativo, em especial a ala esquerda do hemiciclo, a dupla comuno-socialista, e não menos importante, aliás muito pelo contrário, a vitória sob a comunicação social.

Dois partidos emergem como vencedores absolutos do escrutínio, o Partido Socialista e o Chega, o primeiro, porque sozinho elege mais um deputado quanto o seu congénere "rival", sendo só batido pelas migalhas obtidas pela coligação de direita, algo que já tinha descrito anteriormente, a vitória do PS era algo esperado, mesmo perdendo 500.000 votos, lá se manteve como a primeira força política, batendo o 2.º classificado por 900 votos, mais coisa menos coisa. O Chega é o beneficiário da divina providência civil, um milhão de votos é obra, a terceira força política, e perto de um quarto do hemiciclo em seu poder. A elevação do Chega é sinal do cansaço societário do arco governativo, e da a ausência completa de opções, que o hemiciclo na sua hegemonia tem produzido, os satélites minoritários que compõem o hemiciclo, são sem margem para duvidas, apêndices ou do PS ou do PSD, mesmo o histórico PCP, se consubstancia numa nulidade ideológica, e por desígnio próprio, incapaz de se apresentar como alternativa, dada a completa ausência de intelecto ideológico moderno.

Agora a democracia é a grande derrotada, não a democracia no sentido semântico, mas no sentido práctico, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha apunhalado a semântica de democracia, transfigurando-a para um regime autoritário aquando da fraudemia, e voltou a faze-lo novamente, antecipando eleições, para quem pede estabilidade política, convocar eleições antecipadas é o remédio que irá matar o paciente, e o paciente é a tal estabilidade.

Para ser democrático hoje, Marcelo deve conduzir a formação de um governo de direita, com assentos parlamentares que garantam a estabilidade, e isso inclui o Chega, para ser anti democrático, deve mandar tudo novamente a escrutínio. Porque se defendemos a democracia, e quando a ela se implora, há que respeitar o seu resultado, doutra forma, não me falem mais em democracia.

Os portugueses deram um tiro na cabeça, algo que peca por tardio, mas necessário, não se renovam ares sem abrir janelas, e foi isso que aconteceu ontem, a clara manifestação que os ares precisam de mudar, e como não podia deixar de ser, começou no sítio certo, nas urnas.

A oportunidade está criada, estão (e como deveria de o ser) reunidas as condições para o divórcio entre os poderes instalados, basta que a sociedade se mantenha firme, e que na realidade deseje a mudança, no entanto, um 25 de Abril 2.0, uma mudança brusca e irreflectida do paradigma actual, será mortal, não podemos ter pressa, devemos ser realistas e pragmáticos, não se mudam regimes do dia para a noite, mas baralhar as contas ao poder, é um princípio de mudança.

Calculo que, brevemente seremos novamente chamados às urnas, o que é bom, porque aquilo a que Marcelo e os acólitos agarrados ao poder entendem por estabilidade política é somente, liberdade para governarem a seu bel prazer, manter o poder concentrado no arco podre e vil, e hoje mais que nunca, combater o crescimento do Chega, e dos restantes, que possam vir a ser um problema de dimensão que coloque em causa o poder estabelecido. De uma forma democrática, a sociedade disse BASTA.

E esta é a verdadeira vitória da semântica de democracia, o povo votou e escolheu, se bem ou mal, são outros quinhentos, porque o que eu quero é a minha estabilidade económica, social e de segurança, aos políticos não cabe nenhuma estabilidade, cabe-lhes governar um país, de forma séria, justa e coerente, e para isso, têm de sentir o peso da espada de Damôcles sobre o seu pescoço ininterruptamente.

Um partido que queira estabilidade, não quer governar, quer estar sossegado.

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