Um globo, dois mundos
O planeta Terra, é um astro celeste, uno e indiviso por natureza, é bipolar porque tem dois polos, mas também é multipolar, porque além dos dois polos, tem uma linha divisória meridional, a linha do Equador, e uma linha longitudinal, se a primeira linha separa o norte do sul, a segunda separa o oeste do este.
O globo engloba deste modo, quatro quadrantes naturais, dispares e singelos, que naturalmente a evolução tem vindo a imiscuir num todo, traços de todos os quadrantes, aligeirando as diferenças culturais, genéticas e religiosas, mas sem capacidade de alterar a grande base natural inerente a cada um dos mesmos quadrantes, e consequentemente, sem a capacidade de alterar as grandes bases naturais próprias aos mesmos, o oriente norte, ou nordeste, continua na sua vivência própria dos asiáticos, ainda que possa conter irrelevantes excepções.
Estas singularidades que a natureza se apresenta, têm a particularidade da harmonia natural, do balanço, atrevo me a dizer até da racionalidade.
Diferente é o mundo humano multipolar, todas as zonas do globo contém microparticularidades nos Humanos que, além de habitarem nesses espaços terrestres, excepcionando-se os nativos, os restantes adoptam por maioria, os usos e costumes, e até a genética do local.
Desde que existam dois Humanos, o perigo de choque é, ou constitui-se em metade das probabilidades aceites e inerentes, em conflito demarcado, a contenda só se resolve, atingindo um impasse doloroso, um estagio de balanço de forças, que em uma das partes, o balanço tenda para ser positivo em detrimento da contra parte, que tenda para ser negativo.
O correcto balanço simétrico de forças, constitui-se por si um impasse, mas não um impasse doloroso, e a simetria de forças, escala o conflito, é da natureza humana, o estágio grotesco, animalesco, de sobrevivência bruta, onde se confunde o "negócio da contenda" com "sobrevivência do individuo", é necessário assim, um impasse doloroso, para que o negócio da contenda signifique a sobrevivência do indivíduo,
Este fenómeno, ou estágio, é perceptivél no cotidiano, na politica, na economia, nas artes, na vida em sociedade, é parte indissociável do ser humano, a luta pelo poder, pela afirmação e pela supremacia.
Naturalmente a Humanidade está, pela sua própria natureza, condenada ao desequilíbrio de poderes, a luta pela afirmação será eterna e a supremacia do poder estará invariavelmente sempre de um só lado, tanto na esquerda como na direita, ou no sul e no norte, só um usará o ceptro, nunca será divido, e trocará de mãos as vezes que forem necessárias, por supressão do poder vigente, pelo novo poder emergente.
A Humanidade nunca será una e indivisível, como a natureza onde se insere o é, a Humanidade vive com a espada de Damocles suspensa por um fio sobre a sua cabeça, simbolizando a insegurança, e entre a espada de Salomão, representando a justa divisão da propriedade, mas matando-a, não servindo a ninguém.
Existem dois mundos no mundo, e a luta Humana está longe de terminar pelo poder, pela afirmação e pela supremacia.
Valter Marques