Um ano de conflito, e agora?
No dia 24 de fevereiro de 2022, uma nova fase na guerra geopolítica na europa de leste, iniciou se o conflito militar entre a Federação Russa e o oeste colectivo, este guerra nunca foi a dois, embora o mesmo se trave nos territórios que outrora estavam sob domínio ucraniano, o contendores são de facto e de jure, a OTAN, o G7, a UE e a Ucrânia encabeçados pelos norte americanos contra, primeiro Putin, e contra a Federação Russa.
Um conflito desta escala, por razão maior, não se cinge ao simples (que não é nada simples) confronto bélico, o confronto bélico para se poder substalecer, necessita de um substalecido, neste caso a política e a correspondente planificação económica, com o golpe de estado na Ucrânia em 2014, o ocidente colectivo, delineou a política e a consequente economia, para o embate com a Federação Russa, na certeza de que a Ucrânia fortalecida em homens e artefactos de guerra, que após 8 anos de preparação militar (prontidão de combate e engenharia militar), e com o suporte económico do ocidente, talvez, e concedo o beneficio da dúvida, o embate contra a Rússia se cingi-se unicamente aos territórios separatistas (Lugansk e Donestk) e a reconquista da Crimeia que é efectivamente território russo, e com este movimento estratégico, isolar a Rússia do ocidente, levando a OTAN mais para leste, e encostar-se a mais uns largos quilómetros ao território fronteiriço russo.
Uma das piores fases de qualquer guerra travada, não é o morticínio imposto no normal decurso das movimentações, as guerras por definição especifica, são centros de abate indiscriminado, qualquer morte no campo de batalha é fortuita e sem culpado do acto de matar, mas as mortes provocadas pelas guerras têm na política e nos seus representantes os culpados das mesmas, não é a guerra que manda matar, são as políticas adoptadas que assim o demandam.
Após um ano de conflito, a Rússia sai claramente vencedora da contenda, no plano político e no consequente plano económico, Putin como político e líder carismático da Federação Russa, não só conseguiu fazer subir a sua projecção interna como líder, bem como elevou se a um patamar de "político de confiança" no exterior, demonstrando que, todos importam e todos têm o seu valor, independentemente do seu credo, filiação e sistema político, no plano económico, reforçou a economia interna, manteve investimentos, relançou a industria militar, e o impacto da guerra no plano económico interno abriu novos empregos, gerou mais receitas, sem cortes nos sectores que, por norma se veem redireccionados para uma economia de guerra, mantendo a sociedade civil estável, naturalmente com ajustes, mas sem restricções dos bens de consumo por exemplo,
No plano militar, após um ano de confrontos, o ocidente colectivo soma e segue com perto de meio milhão de baixas, contra 50 mil baixas russas, que há luz do sucedido, o completo esgotamento do arsenal militar do ocidente colectivo, em julho de 2023 o ocidente colectivo estará perto do milhão de baixas, dos quais 3/4 são mortos, não vislumbro a vitória total Russa neste conflito com somente um milhão de baixas para o ocidente, o número será superior, caso o ocidente decida de facto a incursão na Transnístria, território controlado pela Rússia nos Cárpatos, facto que determinará a completa destruição do sul da Ucrânia e da Moldávia por consequência,
Qualquer incursão provinda da Polónia de norte para sul ou de oeste para este, significa a entrada da Bielorrússia no conflito, e com isso a desestabilização das Balcãs, não que as Balcãs façam diferença no conflito, mas aumentam as perdas humanas para o oeste colectivo, bem como territórios, no caso da Polónia, além da derrota militar, o sonho da europa alargada, esfuma se por completo.
O oeste colectivo, vai conhecer deste modo, auto imposto, o peso das medidas correctivas russas, a forma de violência a que hoje assistimos no conflito, está perto de se poder agravar, enquanto para a Rússia, os seus aliados ainda não necessitaram de se empenhar militarmente, o oeste colectivo colocou toda a carne no assador.
Deste conflito, mesmo sem ter terminado ainda, só podemos (ocidentais) esperar pelo agravamento das condições de vida, o prolongamento da guerra é para a Rússia, a arma secreta que determinará o grau de destruição do ocidente, quanto mais se investir na Ucrânia, pior ficaremos.
Valter Marques