UE federalismo ou imperialismo

17-10-2022

O projecto da UE, nasce em 1943, no decorrer da II guerra mundial, e entra e vigor em 1960, como um acordo económico entre três países, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, com o tratado da União Económica Benelux.

O tratado firmava entre os três assinantes, um acordo de livre comercio e extinção das barreiras alfandegarias, promovendo a paridade nas trocas comerciais, além do desenvolvimento conjunto de politicas produtivas e monetárias, com vista a estabilização das moedas do acordo.

Em 1951, ao Benelux juntam se a Alemanha Ocidental, França e Itália, e formaram a CECA, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, através do Tratado de Paris, em 1965, através do Acordo de Bruxelas (acordo de fusão), a CEE ou Comunidade Económica Europeia, é formada pelos seis integrantes, e dá-se a fusão dos acordos Benelux e CECA, naquilo que é hoje a UE (2002).

O Tratado de Maastricht (1993) é o formal início da UE, e a ultima revisão da UE acontece com o Tratado de Lisboa (2009).

Na actualidade a UE conta com 27 países membros, mas será que lhes podemos dar o beneficio de serem chamados de Países?

O projecto inicial, é diferente do projecto actual, e não, não melhorou, a transição de CEE, enquanto Comunidade Económica, para a actual União Europeia, alterou completamente as suas ideias base, as ideias e os projectos que a CEE apregoava, hoje não se aplicam mais.

A CEE era uma federação de países, que acordaram cooperar no comercio e nas politicas económicas, dentro do que realmente importava, a cooperação de livre comercio, o fim dos encargos alfandegários, a livre circulação de bens e serviços intracomunitários, deixando a cada país membro, a responsabilidade de efectuar as suas próprias politicas extracomunitárias.

Em 1979, a CEE lançou o seu próprio sistema monetário, o ECU (quem não se lembra...), mas esta nova moeda, não existia (nunca existiu) no sentido material, não sendo projectada para a sociedade, servia o propósito de moeda do tratado, e isto consistia na vantagem da abolição do câmbio intracomunitário, já que o valor do ECU foi calculada na média das moedas da CEE, e não estava sujeito á flutuação cambial externa, estabilizando deste modo o mercado interno comunitário, o ECU era deste modo a moeda de comercio dos estados comunitários, e não moeda corrente de nenhum estado.

A CEE era realisticamente um acordo comercial, como o MERCOSUR, o NAFTA ou o BRICS, sendo o BRICS o mais recente, visava o complemento de mais valias e necessidades dos integrantes, ajustando a troca dessas mais valias por uns, e suprimindo as necessidades por outros, todos possuíam mais valias e necessidades, e deste modo se podiam complementar no espaço único, e com regras comuns.

A CEE era um espaço federalista, com federações (países) independentes politica e economicamente, mas que partilhavam um espaço (a Europa) e um mercado comum, ajustado politica e economicamente a todos.

O que mudou com a UE?

Na realidade tudo, a CEE e a UE, são projectos diametralmente opostos, ainda que se venda como a evolução da CEE, mas não se constitui na evolução, mas sim no assalto.

A UE, tornou se no CEO (chief executive officer) dos países associados, e tomou de assalto todos os poderes, económico, financeiro, produtivo, societário, a UE tornou-se no modelo Imperialista moderno.

Os 27 países membros da UE, abdicaram da soberania, a maioria abdicaram da moeda própria, e mergulharam na espiral de crédito, sob condição não controlada pelos estados, e onde isto se torna tão perigosa?

Uma das conditio sine qua non imposta aos países da UE, é o reconhecimento de facto dos poderes legislativos e executivos da UE, sob as soberanias próprias de cada membro, tornando o reconhecimento de facto em reconhecimento de jure.

O que era um simples mercado comum, passou a ser um governo omnipotente e omnipresente, não sendo no entanto eleito na forma democrática, a que a própria UE defende, o governo central da UE é eleito por indicação politica e não por sufrágio universal, facto que é contrário aos princípios da democracia.

A UE aboliu a soberania nacional, e introduziu a subjugação nacional, e isto faz toda a diferença nas sociedades, a inabilidade de constituir politicas internas e externas próprias, torna reféns os seus membros, torna inútil e obsoleto o voto nacional, pois independentemente do poder eleito interno por sufrágio, não existe soberania ou independência de facto, o que existe é uma subjugação ao poder instaurado na UE, a UE tornou se o imperialista que gere a seu bel-prazer o império conquistado, e o mantêm refém pelo poder e pela ameaça velada.

A abolição e substituição das moedas nacionais pelo euro, impossibilitou irremediavelmente (mas não eternamente) as politicas monetárias próprias de cada membro, o domínio da politica monetária, permitia a cada membro, consoante as necessidades, gerir o mercado interno, inflacionando ou deflacionando o valor cambial, procurando investimento estrangeiro ou tornando se um investidor no estrangeiro, não existindo politicas monetárias próprias, a não ser as da UE, o crédito é a nova politica monetária, e o consequente aumento da dívida pública.

Nos últimos 20 anos, assistimos a um aumento brutal das dívidas públicas na zona euro, mas não observamos a implementação de produção e industria, factos que, lançavam no futuro o retorno do investimento e a consequente redução das dívidas públicas, os empréstimos ou dívidas adquiridas, são na sua grande maioria destinadas ao Estado Social, que se inflaciona naturalmente, devido á não existência, ou fraca existência, do sector primário (producção) e secundário (transformação) da economia.

A UE é o prolongamento da revolução proporcionada pela II Guerra Mundial, a continuação do III Reich alemão, a supremacia politica, económica e financeira sobre a Europa, mas sem o conflito bélico, uma supremacia supranacional sob todas as nações do eixo.

A UE está falida, todos os seus membros são deficitários, vão se tornar deficitários, endividados e sem soluções, a UE não providencia soluções, imprime dinheiro, restringe o desenvolvimento produtivo e transformativo, aquilo que se iniciou como um mercado comum de produtos dos membros, hoje constitui-se como uma união de compradores compulsivos aos países externos, tornando a UE dependente da capacidade produtiva externa.

O império romano, como um dos modelos imperialistas da história, assentava na supremacia pela conquista, para o completo controlo dos bens transaccionavéis das nações que anexava, tornando se deste modo independente e não dependente dos produto externos, a UE inverteu toda essa dinâmica, aos membros é-lhes retirada as faculdades naturais, as politicas agrícolas são um desastre, as infraestruturas ruínas e as economias especulativas.

A crise de 2008 demonstrou claramente, que viver sob especulação custa milhões aos contribuintes, sem nenhum beneficio em troca, a pandemia (mais fraudulenta que pandémica) deixou bem explicito as ruínas em que se encontram os serviços públicos, e agora o conflito na europa de leste, demonstrativo da irrealidade que se vive na UE, problemas energéticos, problemas no sector alimentar, economias de rastos e inflações a subir vertiginosamente.

A UE é o castigo merecido imposto por sentença á sociedade europeia, e vamos cumprir a pena na integra, as penas judiciarias, têm como função o castigo pelo crime cometido e a expurgação do pecado pelo acolhimento do crime, uma função punitiva e pacificadora, mas não iremos expurgar este acolhimento, nem durante a sentença nem depois de cumprida, não somos cultos nem inteligentes para tanto.

Valter Marques

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