Quando nos iludimos, acabamos desiludidos
A concepção de um mundo perfeito é uma ilusão que acaba sempre em desilusão, seja pela ilusão que criamos individualmente, seja pela delegação dessa propriedade sensorial em terceiros, o mundo é movido pela sociedade, a sociedade é movida pelo pensamento, o pensamento é movido pelas percepções criadas.
No final da II Guerra Mundial, a europa estava em destroços, economicamente inviável e desprovida de recursos, quer humanos, quer materiais, que possibilitassem uma rápida reconstrucção das sociedades europeias do pós-guerra, uma potência económica surgiu nessa altura, quer em meios humanos, quer em meios materiais, os EUA no final da II Guerra Mundial, possuíam a infraestrutura necessária para, de forma altruísta ou comercial, prestar o auxilio necessário ao continente europeu, o aparato industrial americano beneficiou grandemente do conflito europeu, pode até ser se arrojado e declarar que sem a II Guerra, as repercussões do crash económico de 1929 se estenderiam um pouco mais, o grande vencedor da II Guerra, foram os EUA e a Alemanha, os derrotados foram os restantes, com a excepção da URSS.
Volvidos 78 anos do fim das hostilidades, e vivendo pelo mesmo tempo a ilusão de um mundo a roçar a perfeição, aproxima se a desilusão que foi criada pela ilusão, de que a Europa é um mundo perfeito, e tal como a Missão Macartney em 1793/1794, promovida pelo império britânico para constranger o império chinês, e, pelo comércio e pela política subjugar o então Imperador aos desígnios de S. Majestade o Rei Jorge, que acabou no completo embaraço para o império britânico, sendo goradas pelo Imperador todas as propostas apresentadas, além da colocação no sitio devido do Império Britânico.
Portugal, como súbdito do Império Britânico, agora o alargado Império Anglo-Saxónico, bebe diariamente da ilusão de grandeza e de quase perfeição, que o soberano dita lá do alto do trono, e esta melancolia lactente, mais uma vez irá traduzir-se na desilusão, que afinal a perfeição é extremamente imperfeita, e contrariamente ao necessário, que se estabelece na dissipação da ilusão, iremos novamente abraçar mais uma ilusão, que invariavelmente será absorvida.
Está prestes a cair em cena, o confisco da propriedade privada, através da regulamentação da habitação, com o pressuposto de que, o parque habitacional em Portugal é deficitário, caro e pouco acessível, podia ser o caso, mas basta dissipar a ilusão, o problema habitacional é um problema demográfico, sendo assim, só existe falta onde a demografia se concentrar, e o problema demográfico é um problema político primeiramente, e depois económico, político porque se desinvestiu nas periferias urbanas e no interior do país, a desindustrialização e o abandono do negocio rural, obriga a migrações em massa para os centros urbanos, deixando na realidade mais de 60pp do país ao abandono, a solução não é o confisco da propriedade privada, mas sim o investimento nas zonas desertas, criando industria e revitalizando sector agropecuários;
Estamos novamente, a reviver a crise de 2008, a crise financeira, e novamente a ilusão que o pé rapado do Zé Tuga, é um consumista desenfreado e caloteiro, que através do seu deficiente modo de vida (esbanjador) provocou o caos na banca, com a agravante de consumir produtos externos (gás e crude) de países não amigáveis, não que exista alguma ameaça aqui ao burgo (nem em lado nenhum na realidade), mas por desígnio do soberano, o Império Anglo-Saxónico, por fortuna das coisas, esta crise é diferente da antecessora, é também uma crise económica, e digo por fortuna, porque não serão só os rendimentos individuais a serem espoliados, mas as vidas também;
A visão de um mundo perfeito é uma utopia, não existe, e quanto mais depressa Portugal perceber isso, mais depressa retoma a sua soberania e o seu destino em mãos, que não será perfeito nem isento de erros e más interpretações, mas adquire para si o seu próprio destino.
O medo é o percursor da ignorância, e a ignorância é o estado confortável, físico e anímico dos escravos, somos há pelo menos 78 anos, escravos de um império que nos dita quem somos e onde estamos, mas nem sempre fomos assim, ainda existe esperança na reconquista da nossa vida, cultura e independência.
O Império Anglo-Saxónico há 78 anos promoveu o rápido crescimento da Europa, com o custo das soberanias, na realidade estes anos todos temos sido súbditos e por força de razão, ao império devemos tributo ad eternum, julgo que esse tempo tenha chegado ao fim, é tempo de renovar a classe dominante em Portugal, começando pela estrutura política, sem excepção alguma.
Valter Marques