O palco digno da miséria actual
Além dos assuntos mundanos herdados do passado recente, 2023 volta a fazer mais manchetes dignas dos pasquins ocidentais, e como não poderia deixar de ser também, mais palco (até parece surreal) para os profetas da miserável misericórdia que os acompanha.
Parece que o rei dos cristãos vem a Portugal discursar para uma plateia de crentes beatos na fé da Humanidade, apregoar, tal como lhe compete, a palavra dos justos, dos misericordiosos e do amor ao próximo, e como qualquer rei que se preze, o trono de onde irá provir esse discurso, terá forçosamente que se coadunar com as suas próprias posses e riquezas, o rei dos cristãos, tem na sua posse a maior fortuna consolidada do mundo, muitos dirão que pertence a Deus, que é furto do Senhor, e que o rei terreno só existe para polir os sestércios de ouro, que o Senhor amealhou, isso e naturalmente encetar todas as medidas necessárias ao contínuo enriquecimento da casa real e nobre do Senhor.
O Vaticano, o burgo lá do rei cristão, foi concebido, não por milagre, mas por concílio, uma reunião de taberna, com compinchas religiosos de várias estirpes, em Niceia no ano de 325, e como taberneiro o imperador Constantino I, e desde esse momento, concebe se o maior êxito de literatura, a Bíblia e a primeira experiência social que o mundo se envolveu.
O Vaticano é também, pelo facto histórico da sua criação e longevidade, a primeira empresa do mundo a se tornar global, levou a sua palavra aos 4 cantos do mundo, e em contrapartida encheu os cofres de ouro, agora multipliquem este movimento (levar a palavra e trazer ouro) por 2023 anos, é uma empresa de sucesso, é bi milenar, possui 90% da arte do mundo, e através do banco do Vaticano explora a guerra (é socio maioritário da Pietro Beretta), está isento de impostos no mundo, mas pode cobrar dízimos, taxas e taxinhas, e ainda vive de esmolas.
Exposta esta pequena nota, ainda existem centenas de portugueses indignados com o misero valor que vai ser desembolsado pelo erário público, para receber o Xico o rei dos espertalhões, devíamos era agradecer ao nobre Xico o acto, especialmente na parte em que ele discursará sobre como se mantêm por dois milénios e uns trocos, a impunidade dos crimes que cometeram, que hoje cometem e amanha assim continuarão, pode ser que todos possamos fazer o mesmo impunemente.
È pornográfico o valor (qualquer valor o seria) que se vai despender para receber o circo romano em Portugal, quando na realidade há séculos que lhes enchemos os cofres, mas lá está, trazer a palavra e levar o ouro, mas mais criminoso que pagar para isto, é termos em cargos que deveriam ser dignos, um qualquer Moedas que rejubila com o assunto, e predispõe do poder de roubar aos pobres e dar aos ricos, não terá esse amante de Sodoma problemas na sua área de governação que melhor resultado teriam se esse ilustre fã do catolicismo trilionário, ao invés de pagar para ser roubado, investisse na estruturas que deveria tomar conta?
As jornadas da juventude, são por direito próprio, merecedoras dos circos marianos que entenderem, e dos palcos e das retretes e dos confessionários em linha, que acharem por bem possuir, façam do vosso ouro pechisbeque, se assim se sentirem felizes, mas fazerem do ouro alheio pechisbeque, é pura e simplesmente criminoso.
Podia apontar aqui, em abono da defesa da virtude da empresa Cristo & Cristo Lda, os milhões de sestércios que, por misericórdia e compaixão, a mesma destinou prontamente para o auxilio dos Sirios ou dos Turcos, mas tal facto não é possível, os cataclismos de ordem natural são o castigo do CEO da enterprise global, era um contrassenso prestar auxilio aos pelo Todo Poderoso castigados, ou sem ir mais longe, listar as oferendas aqui ao burgo de crentes meio apalermados, destinadas verbas por exemplo, para a construcção de bairros sociais e a retirada de sem abrigos das ruas, ou uma verba doada ao Costa para finalmente poder cumprir a promessa de um médico de família para cada plebeu, a tal lista também podia ter inscrita a verba destinada às misericórdias que servem de meros depósitos de reformados e idosos, mas este não é o negócio deste empreendimento.
No dia do tal evento circense (ou dias, seja lá o que for), iremos ver pelos meios de comunicação, milhares de meio apalermados a ouvir atentamente o discurso do Xico e dos acólitos todos que acompanham o circo, e quando terminar, o mundo estará muito melhor, mais elucidado e principalmente rico em sestércios, bem alguns sim, outros nem por isso, milagres só em Leiria.
Qualquer altura é má para os pés rapados cá do burgo, aguentarem tanta despesa em inutilidades, é um drogado estrangeiro que nos pede dinheiro e fisgas, foi a demência da fraudemia, é uma casa de chulos e parasitas diariamente, e agora mais um roubo com um altar digno de um filme de classe XXX.
Nasci em Portugal, e por definição sou católico (se é que isso define porra alguma), e morrerei desse modo, mas ser definido como católico não é significado de ser burro, estúpido e ignorante, nem significa uma crença cega e doentia num qualquer artista vestido de ouro pintado com sangue de dois milénios das maiores atrocidades contra o seu semelhante, Portugal não nasceu da Bula Papal Manifestis Probatum de 1179, nasceu da vontade do Homem que por este pedaço de terra lutou, o Papa só veio cobrar o dizimo.
Valter Marques