A morte da Europa

17-10-2022

Desde o final da guerra fria que a Europa vem, a caminhar a passos largos para sua morte, não que o território que compõe a Europa Ocidental vá desaparecer, não se trata dessa morte, ou desaparecimento, mas sim, a cultura europeia, bem como os seus povos.

Desde os golpes americanos na Rússia que elevaram ao poder Gorbachev e Yeltsin, primeiro na ex URSS e depois já na Federação Russa, que o tiro de partida para a actual situação politico e económica da europa foi disparado, e esse tiro tornou se um pesadelo quando, sob uma Rússia económica e politicamente instável, sobe ao poder Vladimir Putin, e tal como as sanções hoje representam um enorme descalabro para os seus ideólogos, a subida de Putin aos comandos da Federação Russa representou o inicio da lenta morte da europa.

Mas a morte da europa não provém do leste europeu, do leste da europa com Putin especialmente, vinha a fórmula que providenciaria aos povos e nações do oeste europeu, os ingredientes necessários para a sua estabilidade, e o seu crescimento económico e social, o ocidente europeu, desde finais do século passado, têm crescido e adoptado padrões de vida, que só se tornaram possíveis, com o investimento russo, o mercado energético russo, foi e continua a ser a base da europa, e a europa sem essa base está morta.

Durante 3 décadas que a Rússia investiu na construcção da europa ocidental, mas o investimento russo, não se enquadra nos desígnios ocidentais, e não tem de o fazer, os erros de cálculo ocidentais sobre a Rússia, começam logo pela definição de "democracia", a tão apregoada democracia ocidental, da multiculturalidade, da ideologia de género, da suposta superioridade de valores que o ocidente vende, mas que não practica, a Rússia é a Rússia, e a definição de "democracia" é assunto interno, tal como o deveria de ser nas nações ocidentais.

E por conseguinte, a paciência da Rússia, longe de ser uma paciência de chinês, chegou ao fim, e o seu rompimento tácito e expresso com o ocidente, veio para ficar, para fortuna da Rússia, e consequentemente infortúnio Ocidental, as politicas dos contos de fadas ocidentais, a energia verde, o multiculturalismo, as doutrinas de género, as politicas unicornianas económicas e sociais europeias, levantam um problema em cada esquina, ainda que, analisando todas no seu largo espectro, são insolúveis, e como tal, cada passo em frente abre um novo problema, e não uma solução.

O sonho de uma europa unida, tal como preconizada nas décadas de 50 e 60 do século passado, mostrou as fragilidades desse mesmo pensamento, sem energia barata, para mover o progresso, a europa era simplesmente um pensamento, a europa tinha valores, que mereciam ser elevados, a democracia, sem os unicórnios das ideologias do género, sem as politicas desastrosas da migração, as nações eram soberanas, o que permitia o equilíbrio entre pares, e permitia a conclusão do puzzle político-económico da zona euro, cabendo a cada nação, um papel nesse quadro, adequado às suas características, nada disto é o que se verifica hoje, nem os estados são soberanos, nem as características únicas de cada um, contribui positivamente para a união.

A europa está a caminho da implosão, por mão própria, e culpamos Putin pelos nossos falhanços, da mesma maneira que culpamos o terrorismo islâmico no mundo, mas não culpamos os iniciantes do mesmo, o ocidente, existe terrorismo, porque o ocidente o iniciou, o encorajou e forçou, o Islão tem 7 séculos de história, o Ocidente conta somente com 3 séculos, democratizar pela lei da bala uma civilização com 7 séculos de história, não me parece muito inteligente, mas foi o que fizemos.

A europa detinha um conjunto de valores, que lhe garantiria o sucesso, mas não possuía, em suficiência, a energia para reclamar esse mesmo sucesso, a Rússia forneceu durante 30 anos essa energia, tanto no sentido figurativo como lato da palavra, agora sem essa energia, a europa definha nas suas próprias entranhas, e digamos de passagem, que as entranhas da europa estão pejadas de merda, a solução para a falta de energia que a Rússia, um estado ditactorial, um regime de opressão, e uma nação pobre (somos tão estúpidos com este pensamento errado...) fornecia, reside em países agora democráticos, livres e super ricos, Argélia, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Irão, entre os principais, que aos olhos (cegos) do Ocidente, deixaram miraculosamente de ser os países que a liberdade de expressão é sinonimo de pena de morte, que a democracia é a islamita, e que a única riqueza é propriedade de famílias, e não do povo que por lá sobrevive.

Esta forma de pensamento da europa ocidental, é um caso de psiquiatria, a demência é profunda.

Duvido que em 2030, ano da implementação de mais uma etapa da democracia ocidental, exista primeiro europa ocidental, depois união e por fim, civilização que, aceite mais idiotas ao leme dos desígnios das nações que porventura subsistiram à reconfiguração do plano geopolítico.

Uma coisa é certa, em 2030 vamos ter Rússia, e expandida para oeste, e não falo na Ucrânia, ou o que restar dela, mas no avanço não da Federação Russa, mas de novas alianças, que permitam, tanto há Rússia como aos novos aliados, cooperarem e fortalecerem as suas sociedades, dificilmente estas politicas se implementaram em tempo útil (no meu tempo) no ocidente europeu, a única vantagem do ocidente europeu para com a Rússia, eram as trocas comerciais no sector energético e agrícola, a europa como consumidora desses productos, e a Rússia como fornecedora, era vantajoso para ambos, proximidade, redes logísticas existentes, uma fonte de rendimento acessível e que permitia, ganhos a ambas as partes do negócio, a Rússia desviou de forma permanente esse fornecimento para outras zonas do globo, e contrariamente ao aludido pelo ocidente, até existiu um acréscimo de ganhos russos, pelo que se deduz que a distância, para a Rússia não foi penalizadora, abriu novos mercados, fez amigos, a europa, pelo contrário, obrigou se a si mesma a continuar a adquirir os mesmos productos, mais longe, mais caros e pasme se russos na mesma.

A morte da europa é um desígnio da sociedade que por cá habita, entregue pelos idiotas que elegeram, e que irão continuar a eleger, a europa vive (a sociedade europeia) num raciocínio circular, incapaz de se livrar dos círculos viciantes da vida, vivem castrados de tudo o que é importante, e águas paradas formam pântanos.

Valter Marques

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